quinta-feira, 15 de outubro de 2009

Começa assim: um colégio de freiras com um penca de gente que não tem a mínima vocação para santidade. Meninas diferentes entre si. Algumas com calças coladas e blusas curtas indo para o pagode namorar escondido. Outras que gostam de rock e falsificam justificativas pra entrar de chinelo na aula. Até band-aid rolava onde nem tinha ferida. Só pra não seguir regras. Nós não tínhamos donos.

Daí, aos poucos, 10 garotas se perceberam amigas. Elas tem algo em comum, mas ninguém enxerga o que é. Nem elas mesmas. É uma espécie de querer mais. É a vontade de crescer que nos une.

Algumas se conhecem desde antes do primeiro beijo. Estivemos juntas. Vieram as festas de 15 anos. Estivemos juntas. Chegaram mais integrantes. Estivemos juntas. Fizemos vestibular. Estivemos juntas.

Choramos juntas. Gargalhamos juntas.
'Nos fodemos' juntas. E, falando em foder, fomos deixando a mocidade de lado, uma de cada vez.
Isso nós não fizemos juntas. :)

Nossas vidas mudaram completamente. E é aí que eu quero chegar.
A melhor coisa que pode acontecer com uma pessoa é a mudança. Seja pra bom ou pra ruim.
Porque se é ruim pra você pode ser ótimo pra outra pessoa. E experimentar nunca é demais.

Ontem eu pensei muito sobre essas - agora - mulheres. Nós crescemos. Temos quase-profissões, responsabilidades, maturidade. Agora a gente enxerga o mundo e o mundo enxerga a gente.

A menina que só gostava de mpb e bossa nova, mora sozinha e até escuta sertanejo. Aprendeu tanta coisa. Aprendeu a aceitar diferenças, a amar e se declarar e, acima de tudo, aprendeu a perder.

Outra se mandou pra outro estado. Curtiu por todas nós. Dança tudo o que pode, fala o que vem na cabeça, volta de manhã pra casa. Ela é a que conta as melhores histórias. Vai contar da juventude pros netos, e fazê-los morrer de rir.

Tem uma que passou rapidinho. Chegou e saiu em um piscar de olhos, mas marcou. E toda vez que ela volta, encanta todo mundo. Cada vez mais linda.

(continua)