terça-feira, 12 de janeiro de 2010

Notívagos


Luz, cor, calor, cheiros, o amanhecer é o pesadelo dos notívagos, amantes das ruas silenciosas da noite.
Andam bem após o sol se pôr em busca de algo que tire o tédio, traga mais emoção, ou mesmo atrás de alguma coisa que não sabem o que é, apenas esperam que encontrem. Dizem que é por diversão, por socialização, mas porque ela só existe durante a noite?
Confesso que a noite tem um mistério inexplicável, o perigoso que atrai a muitos, o divertido sem face, os casos sem fim, as histórias sem caras.
A noite pode tudo, cabe tudo.
Ela oculta alguns problemas que se leva um tempo pra perceber e um bem maior pra resolver. Ela cansa, para alguns cansa, uma busca, no fundo, pelo nada. Corpos sedentos, mentes, por opção, vazias.
E o fruto disso?
Dor de cabeça no outro dia e a sensação de vazio ou a ilusão de afeto.

Ainda tem pessoas que precisam viver durante o dia, precisam ser arrancados da noite. Como faz?
Como viver sobrevoando os acontecimentos? Não entendendo o que os outros querem dizer, não se entendendo, pensando na cama, no ar, na maciez.
Os notívagos quando partem para o dia ensolarado, sofrem, por não entenderem e não sentirem a emoção da vitalidade, tudo passando, todos vivendo e os notívagos...
Sonhando acordados.

terça-feira, 5 de janeiro de 2010

Frida

Como toda mulher, ela cavava buracos de sofrimento.
Na superfície não encontrava nada, então resolvia fazer buracos.
Neles encontrava o passado, tantas vezes insignificante, e transformava em dor.

Via mulheres lindas que ele teve e já nem lembra.
Via mais do que ela jamais sonhara ser.
Ela via beleza em todos e todas.
Talvez por isso sofria tanto.

Sem motivos, acabava criando seus próprios.
Descobria um pedaço da história dele aqui e outro lá,
depois montava e interpretava como bem entendia.
Jamais entendeu como ele pôde amá-la.

Afinal, quem amaria alguém tão...
Nem sabia o que achava de si mesma.
Mas das outras... nas outras via beleza. Beleza até nos defeitos.
E comparava, e tentava ser igual mesmo que não quisesse de verdade.

Isso doía.
Tentou parar. Sofreu mais ainda.

Toda mulher sofre sem saber porquê. Frida sabia.

segunda-feira, 4 de janeiro de 2010

Cansa-sa-sada

De reclamar cansada estou. Resquícios do Mestre Yoda que refletem meu pensamento. Porra, todo dia me vem na cabeça algo que não é legal, que não quero, não vou, não posso ou algo negativo assim que reflita o cotidiano monótono que reforço viver.

Resolvi pensar várias e incansáveis vezes antes de reclamar, após ter a sorte de ouvir uma reflexão do maior dos pensadores da minha vida, meu avô.
Ele dissertou sobre como as pessoas no nosso mundo contemporâneoglobalizadoindividualistaegoísta, não vivem a realidade apenas os fatos. E é a pura verdade. Estar com fome no trabalho, no mesmo segundo, excluindo essa frescura de fuso horário, existem muitas pessoas sem previsão de comida pelas próximas sabeDeus quantas semanas e a gente não consegue ter noção disso. Pessoas arrasadas por perder parentes pra violência e a gente achando o fim do mundo quando termina um namoro. Andando que nem uma dondoca de carro pra qualquer esquina e dizendo que a culpa do aquecimento global e do governo que não toma nenhuma medida. Parece papo de Madre Tereza ,alguma coisa que o padre fala ou Jornal Hoje.

Tá ficando chato?

É justamente isso, esses assuntos se tornaram tão banais, as pessoas tão ocupadas com os fatos da sua vida que não tem tempo para o contexto no qual vivem no mundo! Não se perguntam de onde vieram e pra onde vão? Como funciona o Universo! Desculpem o surto.

A pergunta que me faço deve ter passado por várias mentes, mas então, o que fazer?

Infelizmente não sei, não. A solução pode ser encarada em dois mundos, o real mesmo no qual, vamos ser sinceros, não existe mais tempo de solucionar, conscientizar e todas essas ações que demonstram melhorias nas relações entre as pessoas e com o mundo e o outro lado, o outro mundo, o dos sonhos, que é muito fácil de visualizar, mas poucos conseguem acreditar, então se torna meio que impossível também.
Portanto decido a partir de agora, nesse exato momento, tentar reclamar menos, apesar disso ter se tornado um grande prazer na minha vida.

Ai viajei.