terça-feira, 5 de janeiro de 2010

Frida

Como toda mulher, ela cavava buracos de sofrimento.
Na superfície não encontrava nada, então resolvia fazer buracos.
Neles encontrava o passado, tantas vezes insignificante, e transformava em dor.

Via mulheres lindas que ele teve e já nem lembra.
Via mais do que ela jamais sonhara ser.
Ela via beleza em todos e todas.
Talvez por isso sofria tanto.

Sem motivos, acabava criando seus próprios.
Descobria um pedaço da história dele aqui e outro lá,
depois montava e interpretava como bem entendia.
Jamais entendeu como ele pôde amá-la.

Afinal, quem amaria alguém tão...
Nem sabia o que achava de si mesma.
Mas das outras... nas outras via beleza. Beleza até nos defeitos.
E comparava, e tentava ser igual mesmo que não quisesse de verdade.

Isso doía.
Tentou parar. Sofreu mais ainda.

Toda mulher sofre sem saber porquê. Frida sabia.

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