terça-feira, 29 de dezembro de 2009

Tá virando barraco isso aqui.

Existe padrão? Olha só. Vamo logo admitir de uma vez. Eu peido, eu falo sacanagem mesmo, de qualquer nível. Sou respondona, sou neurada, gosto das coisas do meu jeito, e odeio ficar sozinha. Eu acho que eu não sou muito meiga, só um pouquinho, vai. Eu tenho pêlos que eu odeio. Eu tento parar de comer pra emagrecer, mas não emagreço. Eu ouço pessoas falarem coisas das quais eu não entendo pelo menos uma vez por dia. Eu não sei nada de tecnologia. Eu gosto de jazz de velho, eu choro vendo novela e lendo livros de menina. Eu não sei nomes de integrantes de bandas legais, nem de classificações de rock ou música eletrônica. Eu sou um pouco ciumenta, um pouco cú doce e bem difícil de lidar. E eu escrevo coisas ridículas só pra não ter a sensação de estar falando sozinha. Tem padrão? Se tiver, não é o meu. Será que eu posto? Já foi.

Tá vendo? É confuso.

Os padrões são os patrões do que a gente não quer ser, mas os outros querem... e a gente acaba querendo também. Só que é vergonhoso se admitir influenciado. A gente fica num impasse entre o que quer ser e o que deve ser. Porque agradar só a si mesmo não dá. Todo mundo gosta de se sentir perfeito pra alguma coisa. Não pra tudo. Pra tudo ninguém é. Mas pra alguma coisa mesmo. Ainda não encontrei essa coisa.
E vejo pessoas perfeitas pra muitas coisas por aí. Eu queria me olhar no espelho e gostar de algo em mim. Por dentro ou por fora. Porque a única coisa que eu consigo gostar é aquela que todos mais odeiam. A minha vontade de refletir sobre tudo o tempo todo e não contar pra ninguém. Já que quando eu conto, ninguém entende mesmo.
Será que é tão dificil compreender que eu não quero ser medíocre? Só mais uma publicitária, só mais uma filha, só mais uma amiga, só mais uma namorada, só mais uma PESSOA? Em nenhuma dessas coisas eu tenho feito o meu melhor. Mas quando eu penso que, talvez, mesmo que eu me esforce muito, eu não consiga deixar de ser só mais uma, dá vontade de ficar muda um pouco, de sofrer calada com isso e me convencer de que é melhor desistir.
Desistir é a palavra certa. Inveja dos que têm corarem pra isso. É um jeito de atirar a mediocridade pela janela. Ou a si mesmo, como preferir.

sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

2009

Tem horas em que a gente precisa falar com alguém neutro. Alguém que não opine, nem julgue, nem parabenize. O papel cumpre esse papel. Por isso gosto tanto de escrever. É meio como aquelas pessoas solitárias que conversam com animais, o conforto de poder colocar tudo pra fora é indescritível. Não é que eu não tenha amigos. Não é isso. É que as vezes as minhas inquietudes são tão bobas que dá vergonha de falar. Fora que ninguém é obrigado a me ouvir tagarelar sobre as mesmas coisas toda hora.
Sim. Eu me preocupei com as mesmas coisas quase a vida inteira. Tive crises existenciais praticamente idênticas em épocas diferentes da minha vida. A verdade é que eu nunca consegui aceitar bem nem quem eu sou, nem quem tá ao redor. Ficava em silêncio, ouvindo uma dessas músicas que falam pra dentro, e pensando que tá tudo muito errado. O mundo tá errado. Eu tô errada enquanto eu só queria ser certa, certa pra alguém, mas do meu jeito, sem ter que mudar.
Esses dias eu tenho pensado, que cada vez mais eu sei quem eu sou. Antes, eu não conseguia fazer escolhas bobas. Não sabia o que eu era e muito menos quem eu queria ser. Agora eu sei. Sei que não gosto de gente elegante demais, sei que adoro andar com fones de ouvido. Odeio cupuaçu, refrigerante e gente egocêntrica. Amo ter muitos amigos por perto, chocolate e arte. Eu amo arte e tinha medo de, ao dizer isso, parecer pseudo-intelectual demais. Mas isso é só um papel. Então eu posso falar.
Hoje, eu afirmo com toda a certeza que não acredito em casamento. E afirmo também que acredito no amor. Amor como carinho+sexo+amizade+admiração+respeito. Não acredito no platônico, nem no “a primeira vista”. Acredito que as pessoas pagam por tudo o que fazem, seja bom ou ruim. Não acredito em Deus. Acredito em alguma coisa que eu não sei bem o que é.
Pra mim, a vida tem que ser usada. Comer bacon, sorvete, batata frita. Dançar, correr e andar até os joelhos ficarem gastos. Porque eles vão ficar gastos de qualquer forma, entende? Cigarro é bom, cerveja é bom. Não concordo com gente que diz que essas coisas estragam com a gente. Elas salvam! Música alta no fone pode me deixar um pouco mais surda, mas transforma essa vida medíocre num negócio bem divertido de se pensar.
Aprendi a viver bem com os meus defeitos. Já quis ser mais magra, mais inteligente e mais bonita. Ainda quero. Só que pensar tanto nisso me fez perder tempo. Continuo com uns quilinhos a mais, aprendo alguma coisa todo dia, mas nunca é o suficiente. Eu nunca vou conseguir ser inteligente do jeito que eu queria e é aí que tá a graça. Aprendi esse ano, que a razão de continuar vivendo é gastar a vida, gastar tudo, antes que ela estrague. Vivendo. Aprendendo.

quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

Tempo, amor,amor...

O tempo, o precioso tempo onipresente e onisciente que todos têm que aprender a lidar, é diferente pra mim e diferente pra você. Essa sensação que não há o amanhã e nem conseqüências não cabe mais a minha realidade. Assumo. Sinto inveja. Gostaria de aproveitar cada segunda sem esperar nada do próximo segundo, mas esse é o seu dom.

Amor, amor, amor, como é belo o seu mundo. Acordar pra realidade requer tempo, o de cada um, experiência e choque, o choque é o principal. Aquilo que te sacode e te faz ver que tudo caracterizado de certo, legal, bonito, eram, como diz o ditado, seus olhos. Não consigo entender se a maior agonia é conseguir ver as coisas com tanta clareza, e saber que o futuro é você que vai ter de construir ao invés de esperar que a oportunidade caia na frente de seus olhos e que ele leva menos tempo do que você esperava, ou ver do seu jeito, como uma festa.

Festa, alegria e, paciência, sempre muita paciência.

Creio que o ideal o que eu almejo, pelo menos é conseguir misturar elementos dos dois e principalmente enfiar a por** da paciência em tudo que você fizer, porque sem ela, você desiste na primeira topada.

Amor, amor, desculpa a sinceridade, hoje é um dia de choque com a realidade.

terça-feira, 1 de dezembro de 2009

Sobre a Anita

Anita tinha mau humor matinal.
Era rebelde de um jeito bonito. Mimada de um jeito bonito.
Num mundo só dela. Também bonito demais.

Hoje Anita é diferente.
Tem emprego, acorda cedo, nem dá tempo pro antigo mau humor.
Chora de preocupação. Não sabe pra onde ir.
Tem r-e-s-p-o-n-s-a-b-i-l-i-d-a-d-e-s.
Grandes. Que nem a palavra.

Anita era linda.
E continua linda.

Sai pra passear e ver as cores. Como eu.

Anita é tão linda, linda de um jeito tão lindo, que me faz perceber que eu sou bonita também.

Porque somos iguais. Irmãs.
De sangues diferentes e almas idênticas.

Ninguém nunca vai ler mesmo.

Como dá pra explicar? Eu fico tentando achar um jeito prático.
Dá pra explicar assim: coisas preferidas. Te perguntam qual tua cor preferida, aos três anos de idade dizes rosa, aos treze dizes preto. Entende? Acho que ainda não ficou claro.

Esquece as cores. Até porque o assunto é meio cinza. Finge, agora, que te perguntam o que você quer ser quando crescer. Você pode até dizer professora aos 3, 13, 18, 30 anos, mas aí, um dia você chega lá. É professora, com alunos, apostilas e tudo o que tem direito. E agora? O que você quer?

Você quer outra coisa. Não importa o quê. Você quer mais.

Mas se você perde o emprego, o que você quer? Quer ser professora de novo. É uma verdadeira orgia de sonhos.

Entende, agora?

O amor também é assim. É aí que eu quero chegar. Você quer aquele cara. Porque ele é lindo, inteligente e te faz rir. Você consegue e aquele cara consegue você. Paixão rola, amizade rola, obsessão até. Mas aí vocês se conseguiram. Tem que desejar outra coisa, entende? Outra coisa. É sempre assim. E aquele cara continua lindo inteligente e ainda te faz rir. Mas você quer outro. E você continua você. E ele quer outra.

É doentio. Doentio. DOENTIO.

Até que um sente falta do outro primeiro. Aí é amor. Só de um lado.
Se o amor ceder do outro lado também, dá zero. E volta tudo pro início.

MATEMÁTICA. É pura matemática.

O nada

O amor não exite.
Entre duas pessoas, não existe.
De uma pra outra, talvez.
Da outra pra uma também.
Mas recíproco, nunca.
Tem paixão, tem carinho e todo o resto.
Amor não. Nem dá.
Não entre duas pessoas.
De uma pra outra e de outra pra uma, sim.
Só que nunca ao mesmo tempo.
É como duas forças opostas e iguais.
Se anulam.
Não dá. Vira vazio.