sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

2009

Tem horas em que a gente precisa falar com alguém neutro. Alguém que não opine, nem julgue, nem parabenize. O papel cumpre esse papel. Por isso gosto tanto de escrever. É meio como aquelas pessoas solitárias que conversam com animais, o conforto de poder colocar tudo pra fora é indescritível. Não é que eu não tenha amigos. Não é isso. É que as vezes as minhas inquietudes são tão bobas que dá vergonha de falar. Fora que ninguém é obrigado a me ouvir tagarelar sobre as mesmas coisas toda hora.
Sim. Eu me preocupei com as mesmas coisas quase a vida inteira. Tive crises existenciais praticamente idênticas em épocas diferentes da minha vida. A verdade é que eu nunca consegui aceitar bem nem quem eu sou, nem quem tá ao redor. Ficava em silêncio, ouvindo uma dessas músicas que falam pra dentro, e pensando que tá tudo muito errado. O mundo tá errado. Eu tô errada enquanto eu só queria ser certa, certa pra alguém, mas do meu jeito, sem ter que mudar.
Esses dias eu tenho pensado, que cada vez mais eu sei quem eu sou. Antes, eu não conseguia fazer escolhas bobas. Não sabia o que eu era e muito menos quem eu queria ser. Agora eu sei. Sei que não gosto de gente elegante demais, sei que adoro andar com fones de ouvido. Odeio cupuaçu, refrigerante e gente egocêntrica. Amo ter muitos amigos por perto, chocolate e arte. Eu amo arte e tinha medo de, ao dizer isso, parecer pseudo-intelectual demais. Mas isso é só um papel. Então eu posso falar.
Hoje, eu afirmo com toda a certeza que não acredito em casamento. E afirmo também que acredito no amor. Amor como carinho+sexo+amizade+admiração+respeito. Não acredito no platônico, nem no “a primeira vista”. Acredito que as pessoas pagam por tudo o que fazem, seja bom ou ruim. Não acredito em Deus. Acredito em alguma coisa que eu não sei bem o que é.
Pra mim, a vida tem que ser usada. Comer bacon, sorvete, batata frita. Dançar, correr e andar até os joelhos ficarem gastos. Porque eles vão ficar gastos de qualquer forma, entende? Cigarro é bom, cerveja é bom. Não concordo com gente que diz que essas coisas estragam com a gente. Elas salvam! Música alta no fone pode me deixar um pouco mais surda, mas transforma essa vida medíocre num negócio bem divertido de se pensar.
Aprendi a viver bem com os meus defeitos. Já quis ser mais magra, mais inteligente e mais bonita. Ainda quero. Só que pensar tanto nisso me fez perder tempo. Continuo com uns quilinhos a mais, aprendo alguma coisa todo dia, mas nunca é o suficiente. Eu nunca vou conseguir ser inteligente do jeito que eu queria e é aí que tá a graça. Aprendi esse ano, que a razão de continuar vivendo é gastar a vida, gastar tudo, antes que ela estrague. Vivendo. Aprendendo.

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