terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

Gilma

Uma mistura de perfume barato com suor de quem trabalha vinte e quatro horas por dia cuidando de filhos que nem pariu, que nem gozou pra ter. Este foi o cheiro da minha infância. Cheiro da nêga que carrega um moleque em cada braço até esquecer que já esteve limpa. Subindo as escadas para obrigá-los a tomar banho. Uma luta. A dona do cheiro que marcou a minha vida sonhava em não tê-lo. Queria tomar banho a qualquer custo. As crianças não. Cansava de correr pela casa e procurá-los pelos cantos enquanto o suor lavava a lavanda de seu corpo. Por muitas vezes, quando finalmente conseguia um minuto de paz, chorava. E era essa água, a água das lágrimas que limpava seu corpo.

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